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A Psicanálise e o bem-estar: por que não se trata disso?

Vocês já devem ter lido por aqui minha pontuação que diz: a psicanálise não é uma clínica do bem-estar e sim do bem-dizer.

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Por que isso?

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Essa é uma das grandes diferenças entre a psicanálise e as psicoterapias.

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Isso não quer dizer que a experiência analítica é toda voltada para a angústia. Mas sim que ela compreende que o mal-estar é inerente a vida.

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Como assim?

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Freud alertou que a vida em civilização requer naturalmente um mal-estar, porque temos que abrir mão de vários dos nossos desejos e reprimir certos “impulsos” (chamadas de pulsão) para viver em civilização. E isso provoca um mal-estar constitucional. Enquanto formos civilizados esse mal-estar vai existir.

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Isso também se relaciona com o post anterior, visto que, apreender a falta em nós, a falta no outro e o desencontro das relações, também causa um mal-estar. Ou seja, conviver com as frustrações e com as limitações da vida implicam em uma angústia fundamental (no sentido de estar no fundamento do nosso ser).

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Logo, a psicanálise considera que incluir o sujeito em uma lógica de constante bem-estar é uma ilusão e uma alienação.

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Isso não quer dizer que em uma análise não possam surtir efeitos de bem-estar, mas tratam-se de efeitos evanescentes que não se sustentam.

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O que a psicanálise realmente trabalha é o bem-dizer.

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O que é o bem-dizer?

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Trata-se de uma experiência da linguagem, a partir da qual o paciente pode elaborar certas questões sobre si, apreendendo o ponto incurável e se reconciliando, dentro do possível, com sua própria história. E isso tem seu efeito transformador!

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Sendo assim, não se trata de deixar o sujeito na angústia, e sim ajudá-lo a conviver melhor com ela.

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O que você já escutou sobre isso?

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