Buscar tudo saber
Vivemos hoje em um mundo que o fácil e rápido acesso às informações fazem as pessoas desejarem buscar tudo saber.
O problema nisso, como de costume, é que não tem como tudo saber, uma vez que isso esbarra em uma impossibilidade. O próprio saber possui os seus furos e as suas falhas.
No entanto, o discurso da ciência contribui com esse imperativo ilusório de que é possível tudo saber, tudo responder e tudo solucionar. Ela oferece não só, por exemplo, remédios com promessas de curar sintomas físicos e emocionais, como também diversas tecnologias que abrem o horizonte para infinitas possibilidades. Mas tudo tem o seu limite, e o que o momento atual (do coronavírus) tem colocado em cena é justamente os furos no saber da ciência, escancarando sua inconsistência.
É claro que a ciência é extremamente importante na sociedade e contribui sim com diversos avanços, progressos e desenvolvimento, mas é importante entender que, por outro lado, o imperativo que o discurso dela coloca em cena contribui com o excesso que tenta negar as limitações.
Com efeito, basta pesquisar no google e assistir um video no youtube que as pessoas apreendem um novo saber, ou pelo menos nisso acreditam. Acaba que no decorrer da vida, a luta e a competitividade por quem sabe mais se intensifica. Fica ainda mais difícil escutar o outro e respeitar as diferentes opiniões já que cada um passa a crer ser o dono da verdade. A questão é que, na verdade, somos é donos da nossa própria ignorância.
Com isso, torna-se cada vez mais importante suportar os pontos de não-saber que nos deparamos ao longo da vida. Isso não quer dizer que não devemos desejar saber, até porque o desejo é aquilo que nos movimenta, justamente por se deparar com, no caso, uma falta de saber. Então quem crê tudo saber, na verdade, se paralisa, pois, sem haver a inscrição da falta, não tem como desejar saber mais.
A própria experiência de análise coloca em cena o saber, pois quando o sujeito se depara com o que desconhece em si, possibilita que produza novos saberes sobre seu próprio ser.
Como você tem lidado com o saber ou com a falta dele?