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Como o Dizer da Família nos Afeta




Desde que nascemos a família tem uma função importante de nos inserir na linguagem.


Desse modo, o discurso familiar é algo que nos afeta profundamente.


Cada sujeito é, de um modo ou de outro, servo desse discurso familiar, ou seja, aquilo que a família diz sobre nós, sobre os outros, sobre a vida e sobre o mundo é algo que vai nos moldando e que serve de uma lente sob a qual vemos tudo.


Mas essa lente é, na verdade, uma lente da linguagem. Como Lacan pontuou, achamos que dizemos o que queremos, mas é o que quiseram os outros. Isto é, a gente diz aquilo que foi dito pelos nossos familiares sem nem perceber, de forma inconsciente. Então, o nosso próprio discurso perpassa sob o discurso familiar.


Muitas vezes, numa sessão, precisamos escutar aquilo da família que fala o sujeito: o que desse discurso familiar que aparece e que escraviza o sujeito em certas formas de ser.


Mas, além disso, Lacan também advertiu da lalangue de cada um: uma certa língua particular. Nesse sentido, todos nós temos algo na nossa fala que somente nós entendemos! Por isso, a transmissão simbólica, da linguagem, está sempre marcada por um furo. Há ainda um mal-entendido inaugural e permanente, pois existe uma diferença entre a língua do gozo infantil e a língua amorosa dos adultos.


Ou seja, tem algo aí que se torna incomunicável.


É por isso que a comunicação é sempre marcada por mal-entendidos.


Porém, dentre tudo isso, não é nada fácil discernir qual é a língua familiar do sujeito: aquela língua que é marcada pelo discurso familiar.


Portanto, é muito importante num processo de análise ou terapêutico que a pessoa possa ir elaborando isso para entender melhor o que dessa língua familiar a atravessa incessantemente, abrindo caminhos para que ela se desprenda aos poucos de certas palavras que a aprisiona.

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