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Demistificando a Psicanálise

Transcrição do Vídeo: https://youtu.be/LiGdHqg7Wf4


Oi gente, tudo bem? Então estou aqui de novo fazendo outro vídeo, dando uma continuidade ao meu projeto e nesse vídeo de hoje eu queria falar sobre a psicanálise.





Como eu falei no vídeo anterior – Como começar um processo na saúde mental? – eu expliquei para vocês que existem várias áreas na saúde mental, vários processos diferentes de tratamento e que exige uma aposta né… eu pincelei uma explicação sobre a diferença entre Psicanálise, Psicologia e Psiquiatria.


Eu só queria recapitular um pouco que a Psicanálise apesar de ser estudada na graduação de psicologia, é uma teoria independente, porque a psicologia estuda questões conscientes e o que vai marcar ai uma das principais diferenças é que a psicanálise estuda o inconsciente. E a formação em Psicanálise requer um tripé: a própria análise pessoal do profissional, que é ele frequentar um psicanalista e fazer o seu tratamento (parte essencial e crucial da formação), as aulas/estudo teórico e a supervisão dos casos clínicos com outro psicanalista (como já havia falado no outro vídeo).


Mas voltando na questão do inconsciente, o que é o inconsciente? O inconsciente é aquilo que está por detrás de muitas coisas em nossa vida e passa despercebido…está por detrás de nossas falas, nossos atos, nossos comportamentos, nossas questões… é o estranho que habita os espaços familiares em nós mesmos. É aquilo que fala em nós, mas que nós mesmos não temos condições de dizer. Então, a psicanálise é um processo que vai se dar em torno das questões inconscientes de uma pessoa – na verdade a gente prefere utilizar o termo sujeitos, justamente porque estamos sujeitos ao inconsciente o tempo inteiro, sem a gente perceber e sem a gente se dar conta… o inconsciente nos coloca em ciclos de repetição e é muito importante a gente trabalhá-lo, se não certas questões vão permanescer inacessíveis em nossas vidas.


E o inconsciente é estruturado como uma linguagem. Isso é uma fala de Lacan e eu não quero entrar aqui em teorizações profundas com relação à isso, apenas pontuar para promover uma reflexão de como a palavra, a linguagem e a fala é algo que nos afeta o tempo inteiro. A nossa principal diferença, se formos comparar com os animais, é a linguagem. A linguagem é o que faz de nós humanos e ela nos afeta o tempo inteiro: o que falam da gente, o que a gente fala…enfim, como que muitas questões estão em torno da lingaugem e como que a nossa mente gira em torno disso. Então é muito importante que a gente fale sobre nossas questões, que a gente simbolize, que a gente re-signifique (dê novos significados) através de um tratamento pela palavra que vai iluminando o olhar para essas questões.


E a psicanálise não vai só trabalhar com essas questões da linguagem – dos significantes (palavras que nos marcam ao longo da nossa vida) – como também ela vai operar com o gozo e com as pulsões. As pulsões, de uma forma simples de explicar, obviamente é mais complexo que isso, é como se fosse uma energia psíquica que busca se satisfazer e ela vai estar por detrás de muitos atos em nossas vidas. Pensando no animal, é como se neles fosse o instinto, mas para nós é a pulsão, porém obviamente a pulsão não é sinônimo de instinto…ela é muito mais complexa do que isso (já que envolve a satisfação). Mas só para ir abrindo a cabeça de vocês, tentanto trasmitir um pouco o que está em jogo no nosso psíquico, na nossa mente.


Então tem os aspectos pulsionais como também os gozosos: que são as nossas formas de gozar na vida que todo mundo tem, que é como se fosse aquela satisfação que obtemos na dor e no sofrimento…essas satisfações estranhas que obtemos em nossas vidas que nos coloca em ciclos de repetição, nos paralizando em nossa história.


Então, enfatizando, é muito importante que a gente fale, ressignifique, elabore nossas questões por meio da palavra, da linguagem, da fala para a gente se colocar em movimento na nossa própria história, quando a gente ilumina essas questões da nossa vida e do nosso próprio eu que ficam ofuscadas e que a gente não consegue enxergar sem a ajuda da psicanálise.


Uma das coisas também muito importantes na psicanálise é a questão do diagnóstico, sendo um de seus diferenciais. O diagnóstico na psicanálise…é em relação a estrutura psíquica subjetiva de um sujeito que vai está ligado com questões inconscientes. Não tem a ver com comportamento, sendo, na verdade, o que está por detrás deles. E os diagnósticos são feitos pro manejo clínico do tratamento, não sendo algo para rotular ou esteriotipar ninguém. Como falei: é apenas pro manejo do tratamento que é dado.


Então, a psicanálise está sempre buscando entender e abrir o nosso olhar para essas questões que estão por detrás dos nossos comportamentos, das nossas ações, dos nossos sintomas, porque não adianta a gente tratar o superficial sem tratar o que está causando isso, se não volta (e volta, e volta e volta…) tanto que nos coloca em ciclos de repetições o tempo inteiro. E com o que é incurável, a gente vai aprendendo a lidar melhor, fazendo um menos no nosso gozo. É uma experiência muito complexa.


A ética principal da psicanálise, que é a sua base, é a questão de olhar para a singularidade de cada caso, porque como o comportamento e sintoma não define, tudo vai depender do que o sujeito trás através de sua própria palavra. Então o que ele diz é fundamental! Deve-se escutar aquilo que é singular e particular da história de cada um: isso que é essencial num processo de análise. Então sempre depende de cada caso. Não adianta a pessoa perguntar: “estou ficando muito ansioso(a), angustiado(a), sem dormir direito, será que estou deprimido(a)?” Depende… você vai ter que sentar, falar de suas questões que estão por detrás desses sintomas, o que está te deixando ansioso(a) e angustiado(a), o que vai com certeza tocar em outras questões que já apareceram na sua vida e ai você vai conseguir ir entendendo melhor por onde que essa questão se passa. Então é muito importante isso.


Queria ser mais breve não na intenção de teorizar um pouco da psicanálise, e sim apenas abrir a cabeça, pois infelizmente a Psicanálise às vezes é muito nebulosa na cabeça das pessoas e sofre alguns preconceitos como sendo algo muito místico (e ela não tem a ver com regressão e nem hipnose hoje, viu gente?), mas a psicanálise é muito estudada o tempo inteiro, tem muita teoria, a biblioteca de livros escritos na psicanálise é imensa, tanto que exige da gente um intenso estudo e um estudo contínuo da teoria. Portanto, é muito importante desmistificar um pouco do que é a psicanálise, o que que a psicanálise propõe – essa experiência da linguagem – de um tratamento pela palavra, de um tratamento singular que vai operar com diversas questões inconscientes que atravessam a nossa vida. E lógico que é importante pontuar que para sentir o que é a psicanálise só tem como se a pessoa iniciar um processo de análise.


Espero ter contribuído com mais informações com relação a saúde mental!

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