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Histeria: a base de (quase) todos nós?

Atualizado: 1 de ago. de 2019

A Histeria é um dos tipos de neurose para a psicanálise!


Lembrando que a psicanálise estuda o inconsciente e, com isso, as estruturas nos sujeitos: neurose, psicose e perversão, que dizem sobre a maneira com que o inconsciente funciona, não definindo personalidade nem coisas do gênero, havendo, portanto, infinitas possibilidades de ser!


A histeria, no senso comum, é pensada como sinônimo de “piti”, mas a psicanálise não se apropria dessas concepções que são, sobretudo, leigas, partindo, portanto, de outro ponto!


A histeria, de acordo com Freud, é a língua base das neuroses! A neurose obsessiva é, inclusive, pensada, nesse sentido, como um dialeto da histeria, isto é, como uma variação dessa língua. O que está em jogo, assim sendo, é a relação do sujeito com a linguagem.


Logo, pode-se dizer que tem algo de histérico em todos os neuróticos no que diz respeito à relação com a linguagem.


O que há de histérico na histeria?


Pode-se dizer que é a posição do sujeito de ser afetado pelo desejo do Outro: desejo do Outro sobre nós, de nós sobre o outro e desejar a partir do outro através de uma relação identificatória. Essa é, portanto, uma posição basal de todos neuróticos. É isso que está em jogo na histeria, na relação com a linguagem. O desejo do desejo, é, então, algo fundamental na histeria como algo basal e, sendo assim, o desejo do ser humano pode ser pensando que é o desejo do outro: ser afetado pelo desejo é ser colocado nessa estrutura.


Diferentemente do desejo, que anuncia enquanto outro, a demanda anuncia enquanto eu. O objeto de desejo, além disso, não é o objeto da demanda. E Lacan vai dizer, ainda, que a demanda e seu objeto não esgotam no desejo:


“não é isso que eu desejo, eu desejo outra coisa que não é o que você tem a oferecer”.

Algo já particular da histeria é que ela se sustenta no desejo insatisfeito, sendo um desejo sempre curvilíneo, que faz uma triangulação fundamental: com a outra mulher, ou, a outra da histérica. Isto é, o desejo dela passa por outro lugar que não simplesmente por ela: o lugar da outra mulher. O desejo da outra é, assim sendo, a matriz da identificação histérica, colocando-se enquanto outra.





Isto é, ela nao vai desejar o que a outra deseja, mas a partir do desejo da outra, da insatisfação da outra.


A histérica goza, portanto, na falta - na falta da outra: pela falta, ela se coloca no lugar da outra.


Quando ouve-se uma histérica, deve-se considerar a lateralidade por onde passa a curva de seu desejo. Deve-se indagar para si: onde está a outra?


Por exemplo, quando a histérica fala dos homens ela está presa na demanda, e, com isso, deve-se colocá-la para falar das mulheres - da mulher - do feminino. Sempre tem uma mulher por trás de um homem. Ou seja, deve-se pensar o desejo para além da demanda, como curva, por onde perpassa o elemento transversal que é a outra.


A histeria hoje não diz só do encontro com pacientes histéricos, sendo algo para além da psicopatologia, isto é, não é algo que necessita de sintomas para ser enquadrado.

Muitos transtornos hoje são demarcados na psicopatologia contemporânea em um catálogo de sintomas, algo do qual pode ser pensando como um avesso da psicanálise.


A histeria, de acordo com Lacan, diz respeito à uma posição de gozo (que é pensado como um mais além de prazer).


A psicanálise é uma prática que busca tratar o real pelo simbólico, proporcionando um saber-fazer com o gozo.


E o que nos orienta passa por outro lugar dobradiço chamado de fantasma: relação do sujeito com o que lhe falta e com o que falta ao outro como objeto.

Pode-se dizer, inclusive, que o final de uma análise é quando o sujeito atravessa o seu fantasma.


Assim sendo, importante essa construção para refletir a cerca das definições impregnadas no contemporâneo que são muito mais superficiais do que há em jogo ali! Os sujeitos não são reduzidos à sintomas e comportamentos! Há algo em sua fala, na linguagem, que deve ser interpretado para além do que está sendo dito!

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