Nova Juventude
Atualizado: 1 de ago. de 2019
A juventude é uma fase que vai se dar entre o final da adolescência e o início da vida adulta e pode ser definida como a época em que a puberdade é ultrapassada e experimenta-se uma satisfação diferente da satisfação preliminar (dita infantil).
Sendo assim, com a emergência da sexualidade, o sujeito experimenta uma intimidade transformada, fora do padrão.
Hoje, entretanto, muitas pessoas se sentem jovens, havendo um imperativo de “todos jovens” conforme a juventude se transformou num modelo do bem-viver.

Trata-se, contudo, de algo que não concerne mais à idade e sim ao modo de ser, em que os sujeitos acabam mantendo certos gostos, hábitos e comportamentos jovens.
Desse modo, os jovens passaram a servir de inspiração para os adultos, transmitindo seus modos de vestir, de falar, de se expressar e até suas práticas sexuais.
A juventude, como consequência desse efeito, se deslocou de uma passagem para um fim em si mesmo.
O rejuvenescimento, inclusive, passou a ser associado à busca pelo corpo perfeito, se pautando na imagem e na sociedade do espetáculo – todos querem “aparecer” como jovens.
Afinal, quem é jovem hoje?
O conceito de juventude foi ampliado, expresso como desejo de viver e de amar, em que a pulsão (mais que um instinto) pode transbordar.
Os jovens da atualidade possuem particularidades diferentes dos jovens de outras épocas, o que concerne aos comportamentos, crenças, formas de amar, modos de gozo, laço social e comunicação. Alguns jovens que aparecem no consultório demonstram uma individualidade marcada – queixam-se de que seus pais reclamam que são autocentrados, individualistas e narcisistas.
Os jovens dessa geração são, então, acusados de não se interessarem por ninguém a não ser pelo seu próprio conforto e seus quereres.
Apesar de buscarem coisas semelhantes, não querem abrir mão de sua satisfação pessoal, se desviando do sacrifício.
Como consequência, a percepção sobre o coletivo foi mudada e redefinida pela tecnologia, se tornando a base para os laços que se dão por meio das redes sociais onde, inclusive, os jovens testemunham para o público suas intimidades cotidianas.
A juventude hoje é marcada, além do mais, por uma interrogação à hierarquia. Como perdem os paradigmas do casal modelo, os jovens inventam novas parcerias sintomáticas e como as uniões passaram a ser cada vez mais frágeis, por não haver nada que impeça a separação, os jovens demoram mais à escolher, já que o definitivo não existe.
Além disso, o jovem não recorre mais ao outro para saber das coisas (não coloca o outro na posição de suposto saber) pois ele reinventa e cria seu próprio saber, assim como sua própria linguagem digital.
Na contemporaneidade surgiram, ainda, novas formas de se relacionar na juventude – o que se diz às experiências de poliamor e de relacionamentos abertos. Afinal, cabe-se perguntar como a sexuação se configura nesse cenário atual.
Enfim, cabe a cada jovem a responsabilidade de inventar novos laços com o outro. Se há uma variedade de maneiras de fazer nós, amarrações e parcerias amorosas e sexuais, ficou mais fácil atar e desatar, já que as relações são cada vez mais voláteis na era do amor líquido.