Relacionamentos amorosos e o Sujeito do amor
Atualizado: 1 de ago. de 2019
Freud coloca o amor como narcísico: o ser humano não se enamora senão de si mesmo - eu me amo no outro!
Mas é um investimento sem reciprocidade: o ego da pessoa se empobrece enquanto o outro se enriquece de libido!
Como diz Lacan:
“amar é dar o que não se tem, a quem não o quer”
O amor tem o poder de elevar o objeto ao nível de ideal...Amamos a perfeição à qual aspiramos!

Existe a visão imaginária do objeto de amor: buscar no outro aquilo que nos falta, formando um todo com esse outro reparador!
O apego ao Outro pode ser visto como um desamparo por dependência. Trata-se de uma necessidade e de um Outro privado daquilo que dá!
O amor lacaniano vai dizer de um amor sempre faltoso! O que as confusas idealizações do amor desconhecem e a psicanálise põe a nú é que a demanda amorosa é submetida aos deslocamentos infinitos do desejo! O desejo diz da referência a um não ter (como pontuei no post sobre desejo)! Uma falta sempre está na origem do desejo e, sendo assim, a busca pelo objeto é infinita.
Todo objeto de desejo é um objeto de reencontro inadequado.
O amor, sendo assim, é sempre faltante!
(Referência: livro conceito de amor em psicanálise).
Cabe aos casais se reinventarem em seus (des)encontros.
Bauman ainda vai dizer em seu livro, Amores Líquidos, que a contemporaneidade é marcada por uma fragilidade dos laços humanos. A insegurança inspirada por essa condição estimula desejos conflitantes que estreitam esses laços e os mantêm frouxos! Passaram a existir relacionamentos de “bolsos” para se dispor quando for necessário. Nunca foi tão fácil apaixonar-se e desapaixonar-se! O outro vai servir enquanto inflar o meu eu e me trouxer satisfações, sendo descartado nos primeiros desafios! O sujeito é tratado igual mercadoria, sendo trocado igual se troca de bens materiais. Eis o grande mal-estar da civilização.
Cabe aqui uma reflexão de que os relacionamentos são sempre pautados por faltas, por extremas idealizações ilusórias, por desencontros!
Tem-se a concepção de que as relações devem ser plenamente satisfatórias, quando na verdade os laços sociais e amorosos sempre vão se sustentar em perdas - abrir mão de certas coisas. Sujeitos mais além que iludidos: egoístas!