Ser mãe e ser pai e suas implicações
Atualizado: 28 de out. de 2019
Meu propósito aqui não é teorizar a respeito disso, mas promover uma reflexão!
Primeiro importante marcar que quando falamos de mãe e pai na psicanálise estamos falando de funções, portanto independe do gênero que irá cumprí-la, o importante é que ambas as funções existam na vida de uma criança!
A função da mãe está mais ligada ao cuidar e ao nutrir e a um desejo que não é anônimo à criança! Há um desejo pela criança? Ou há uma demanda? Importante saber separar isso!
É relevante marcar, também, que a história da criança já se inicia antes do nascimento, com a relação dos pais e tudo que projetam na vida dessa criança! Sendo que, por mais que não percebam, muitas dessas projeções já afetam a criança assim que chega ao mundo, pois, mesmo que não seja uma intenção consciente, essas projeções acabam chegando a criança!
Sobre a função do pai, é muito importante que ele apareça como um terceiro nessa relação, não necessariamente fisicamente, mas que ele apareça no discurso da mãe, como algo que barre o desejo da mãe com a criança e que ajude a fazer uma separação entre elas! Isto é, a criança deve entender que a mãe deseja para além dela e que ela não é tudo para a mãe! Isso é muito importante! A noção de FALTA é constituinte da subjetividade dos sujeitos e é muito importante que ela seja inserida! Algo deve faltar à mãe e a criança deve ser aquém de preencher essa falta!
Ou seja, é muito importante haver dois momentos: um em que a criança é desejada pela mãe e esse desejo ajuda com que ela forme uma ideia sobre si, unificando seu corpo e se alienando no discurso da mãe! E após esse momento, deve haver um outro com a separação dessa criança da mãe através da figura do pai (ou do nome desse pai) que irá inserir o campo da falta na criança constituindo-a enquanto um sujeito desejante (já que para desejar é necessária a falta). Se não, a criança fica presa no gozo materno e acaba sendo engolida por essa mãe!

Importante marcar que os responsáveis por isso não são apenas os pais, mas também a própria criança que muitas vezes forma sintomas na tentativa de ou trazer o pai pra relação ou tentar se separar da mãe de alguma outra forma! Há também os casos em que a criança vai fazer de tudo pra não se separar dessa mãe, se cedendo ao gozo materno! Enfim, como de costume, vai depender de cada caso!
Mas é muito importante essa reflexão para mostrar a importância desses papéis na vida de uma pessoa e que fazer ou ser tudo para um filho(a) pode, ao invés de ajudar, prejudicá-lo! Importante saber inserir um limite, que se configura na lógica da falta! Já a lógica do excesso é a lógica do gozo e, portanto, mortífera para o sujeito!
Muito importante refletir esses aspectos e entender que muitas vezes o adoecimento psíquico de uma criança é uma tentativa dela de falar sobre algo dessa função da mãe ou do pai que está falhando e, com isso, devemos abrir um espaço para escutá-la!!!