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Tempo

O porquê da importância do manejo do tempo em uma sessão analítica!


O tempo, para a psicanálise, é da ordem do simbólico, isto é, da linguagem, sendo, pois, circunscrito no significante (palavras que nos marcam).


Mas o tempo também é marcado pelo real (algo que é inassimilável) e pelo gozo (o mais além do prazer que esbarra no sofrimento).


Sendo assim, o tempo para a psicanálise não é cronológico, e sim lógico.




Ou seja, o inconsciente não conhece a série passado, presente e futuro, ele é atemporal e pode criar sua própria temporalidade.


O tempo, nesse sentido, é dividido em 3:

1) o instante de olhar

2) o momento de compreender

3) o tempo de concluir.


O corte (interrupção) da sessão vai operar dentro do manejo desses instantes, mas não quer dizer que o corte foi dado no tempo de concluir, uma vez que o momento de compreender também acontece entre uma sessão e outra e o corte, inclusive, estimula isso: esses questionamentos que o paciente leva para casa após a sessão, os quais são fundamentais e fazem parte do trabalho analítico.


O tempo de compreender é um momento de desinvestir das construções fantasmáticas e fantasiosas, se desprendendo delas de certa forma. O corte é algo, portanto, que promove uma abertura.

É uma aposta, também, para que o sujeito chegue ao momento de concluir, mas sem ter garantias de que isso acontecerá.


O corte é dado, especificamente, num tempo determinado da cadeia significante: a partir de uma palavra específica que o paciente diz. Deve-se, além disso, cortar a associação livre (o falar em cadeia) para cortar o delírio em que o sujeito entra (todos nós deliramos).


O tempo pode estar relacionado, ademais, ao estreitamento do sintoma - aquilo que há de mais singular em cada indivíduo - para que, com o desvelamento do mesmo, o modo de gozo seja reduzido ao seu osso, dado que não podemos mudá-lo, mas podemos torná-lo útil.


Mas antes disso acontecer, é preciso um tempo de abertura, de acolhimento, de fazer parceira (analista-analisante), o tempo da transferência, ou seja, deve-se produzir sentido primeiro para depois reduzir o gozo.


Logo, é por tudo isso e mais ainda que o tempo é muito importante numa sessão analítica e não pode ser pré-estabelecido e enrijecido: vai depender do tempo de cada um.

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