top of page

Um pouco sobre a amizade


Já que na semana passada falei sobre a importância de estabelecer laços sociais, hoje eu vou falar um pouco sobre a amizade.


Os sentidos na amizade podem variar de acordo com cada época. Mas, de qualquer forma, os laços grupais marcam uma separação do indivíduo com a sua família, se lançando para além dela. Ou seja, as identificações, que antes eram respaldadas no modelo familiar, se ampliam para outros lugares. Nessa relação, podem acabar se formando laços de parceria, apoiados numa reciprocidade, onde há uma troca de intimidade (não no sentido sexual, mas no sentido de se abrir para o outro, trazendo um pouco do seu mundo interno).


Freud chamava a amizade de um amor inibido, a partir do qual uma rivalidade originária se dá entre os pares, podendo resultar em inveja e culpa. Lacan também fala, nesse sentido, do imaginário dos grupos, que estão constantemente tentando se destruir.


A questão é que muitas amizades vem e vão: umas ficam, tendo seus altos e baixos, já outras se desfazem, dando espaço para formar novos grupos. .

Então as amizades, apesar de serem muito importantes por introduzirem novos espaços de relação, elas também são pautadas por desencontros, uma vez que existe não só a singularidade de cada um, como também uma certa competição e rivalidade implícita nessa relação.


A relação humana não é fácil, sempre algo vai faltar - seja no amor, seja na amizade. Mas é muito importante sustentar esses laços, entendendo os desentendimentos e os conflitos que os permeiam.


O fato é que é preciso investirmos além de nós mesmos, não só amorosamente, como também nas relações amistosas. Mesmo com problemas e atravessamentos, as amizades nos ajudam a suportar melhor as diferenças, as falhas, as faltas e, ainda, nos possibilita uma parceria que nos acolhe em nossos sintomas.


Logo, o laço-parceiro é muito relevante na vida! Mesmo que variando, é importante mantê-lo, encontrando um lugar nas relações de amparo e de tolerância.

bottom of page